Joaquim Tenreiro Portugal-Brasil, 1906-1992

Biografia

É um destino paradoxal que Joaquim Tenreiro experimenta, conhecido no Brasil como o Mestre dos Mestres entre os designers de sua geração, Tenreiro é aquele que permitiu que a madeira se expressasse com a mais sutil e nobreza, "buscando a vocação de sua matéria-prima", segundo A. Houaiss; Tenreiro era apaixonado pelas belas artes e gostaria de ter sido pintor ou escultor.

 

Ele herdou o amor pela madeira desde a sua juventude, através de seu pai que era também marceneiro e, segundo Tenreiro, o mais talentoso de sua região em Portugal.

 

Com esta formação no berço da família na região de Melo, em Portugal, ele chegou ao Brasil em 1928, e completou a sua experiência trabalhando para a manufatura Laubisch & Hirth de 1931 a 1942. Lá, primeiro como aprendiz e depois como designer, ele aperfeiçoou suas habilidades sendo responsável pela fabricação de móveis de todos os estilos, mas também aprendeu a trabalhar em uma equipe com centenas de artesãos com diferentes especialidades.

 

Foi também lá que ele ganhou confiança em suas habilidades, tendo que realizar pedidos para uma nova demanda que não encontrava o que procurava no catálogo da empresa. Este novo gosto veio principalmente da classe média alta da função pública que, vivendo nos novos prédios de arquitetos como Oscar Niemeyer, quis mobiliar estas casas modernas com móveis apropriados. Uma necessidade de novidade, certamente, mas também de encontrar raízes locais, tanto por razões climáticas, como devido ao novo apetite que estava surgindo naquela época no Brasil na necessidade de criar um estilo descolonial em busca de uma identidade brasileira específica.

 

Tenreiro, um dos primeiros a saber conciliar esses anseios, foi inspirado pelos modernistas europeus em termos de linhas limpas, mas iluminando-as com curvas delicadas, e soube trabalhar a madeira como poucos, conseguindo aproveitar ao máximo as espécies excepcionais que tinha à sua disposição, além de usar o vime ou estruturas que deixavam os moveis respirar, abrindo a circulação do ar através de suas peças. Ele criou assim, um equilíbrio constante entre as técnicas do artesanato tradicional e a inovação das novas formas modernista, num traço que será encontrado principalmente na influência que ele teve sobre outros artistas de design modernista brasileiros, em particular Sérgio Rodrigues.

 

Assim, em 1942, junto com um vendedor da Laubisch & Hirth, criaram seu próprio ateliê, a Lagenbasch & Tenreiro Móveis e Decorações, que durou até 1969, quando a Tenreiro, tendo se tornado o designer mais destacado do país, deixou a profissão para se concentrar em suas paixões, a pintura e a escultura.

Obras